Ora bem, hoje ia tirar os pontos, e, como quando me entregaram a carta da consulta, antes de sair do hospital, quando do implante, perguntei onde era a consulta, uma vez que a parte do Otorrino era do outro lado da estrada, lá me fui sentar no banco, à espera da minha vez, o Telmo foi comigo. Esperamos, esperamos, desesperamos, e entretanto ainda tive tempo para consolar uma senhora cujo marido estava a fazer o curativo à laringe, (84 anos) coisa dolorosa, ela saiu a chorar e sentei-me ao lado dela, falei com ela, que a vida tem de tudo, mas depressa o senhor se curaria, etc, bem, as lágrimas secaram, e o sorriso voltou. Abracei-a muito e despedimo-nos com ternura, felizes por nos encontrarmos ali naquele momento... Será por isso que fui lá parar? por engano? Coicidências? ah, coisinha boa, adoro ajudar...

Perguntamos ao enfermeiro se faltava muito e... sinto muito, não é aqui, é no outro lado da estrada!... Bolas, estou aqui desde as nove da manhã... Como tinha prometido à Filipinha, a nina que estava na cama ao lado da minha, no pc quando eu cheguei para o internamento e fazer a operação do implante e me fez lembrar a minha querida Ligia quando tinha a idade dela, 15 anitos, tal e qual,tão linda, parece que o tempo recuou a Luanda, e senti-me segura e confiante com aquela nina ali ao lado, tão linda, alegre e fofinha... ai Ligia que saudades de ti rapariga, mas que saudades mesmo... a nina da viola, do quartinho do amor e da música, ela foi para casa, voltou para fazer exames, mas acabou por voltar para ser internada e operada. E ainda se queixou de que não conseguiu lugar no quartinho do amor e da música (fui eu que batizei o quarto com esse nome pomposo, com almas tão lindas que lá estavam abrigadas...) E disse-lhe que qualquer uma de nós poderia ter esse quarto e que fizesse um coração recortado, enorme e o colasse na porta do quarto do hospital... Assim, explicou-me onde estava e eu ali sem poder sair de perto da porta do consultório, ainda perguntei onde era, mas teria de me afastar dali e assim; esperei ir lá no fim da consulta.
O que valeu foi a médica dessa sala me dizer que não ia perder a minha consulta e só tinha de lá ir ter e escreveu 11,30 no envelope, e lá fomos apressados, esperamos mais um pedaço, e lá fui tirar os pontos, depois ao técnico que me irá ligar o aparato e!... saimos dali já eram quase duas horas, cheios de fome. E assim não pude ir ver a querida Filipinha, e me penitencio aqui, esperando que ela não se aborreça, mas eu já estava a pé desde as 6 da manhã, magoada de tirar os pontos, doeu pra caraças, até de dentro do ouvido tirou pontos... xi, mas que coisa.


Assim, aproveito para por aqui a foto da Filipinha (acima) que toca viola, e da cristina que canta e toca flauta transversal, essa é mais velhinha, já tem 18 anos, e que carinha linda, dizem que canta muito bem, mas eu depois tiro isso a limpo, ai e tiro, menina cristina, depois quero ouvir-te, ah, até te arranjo um Concerto aqui, só para te ouvir...
E vejam como ela tem posse, estilo, beleza, enfim... presença nem lhe falta. E lá estava ela, atemorizada com a operação que se aproximava, encolhidinha. Fui ter com ela quando a mãe se foi embora, sosseguei-a, aquilo nem se sentia, nem doía, e eu com seis anos fiz a extração dos adenóides a sangue frio, e sorte a dela por poder estar ali e ser anestesiada para não sentir! Depois era uma conversa pegada, eu cá tu lá,riamo-nos por tudo e nada, e as visitas delas eram a sminhas, uma avó, uma tia, a mãe d euma ou outra e o tempo passou... afinal todas elas tocavam qualquer coisa, a Inês, mais velhinha de 22 anos, tocava clarinete e bateria, ah, pudesse eu ter ali o meu Jambé...por isso se batizou o quarto com o nome sonante de amor e música!...

A Inês já se foi, bem merecia, ficou completamente paralisada num acidente de carro, despistou-se e ia devagar, a chuva ajudou e... mas começou logo passados uns 5 dias a andar, a endireitar o rosto, a ouvir do lado direito, pois deixou de ouvir nesse acidente, enfim, mandou mensagem ontem, que já estava em casa, feliz por estar de novo no lar junto da familia. Mas que ninas maravilhosas eu encontrei nos meus dias de dor!... e além de serem novitas, não se ralaram com a minha idade e disseram que adoraram estar ali. Ao menos isso. Espero ter sido o que elas precisavam naqueles momentos de dor.
E agora o meu dia D:) será em breve, tão em breve que nem digo nada, ahhhh, o segredo é a alma do negócio... Foi uma risada a consulta com o técnico que me vai ligar ao mundo dos sons, avisou que não ia entender logo no mesmo dia, mas que poderia nem demorar assim tanto como eu penso, enfim! Façam figas pla nina das resteas... ela merece!...

  Publicado por Laura    16:51