A minha Poesia em pps
Formatado por Zélia Nicolodi, Vitor Campos e Estrelinha d'Alva
(clicar na Imagem)

















Quero Alguém


O meu tecer de Esperanças!...


Já escalei a minha montanha!...


Amar-te-ei Sempre!...


Não te vás nunca!...


Não foi o ocaso


quarta-feira, dezembro 31, 2008

 

Eterno porvir !...


Eterno porvir !...


Como será o porvir
Dos dias que virão
Já que hoje
Sinto tanta mágoa
No coração
Tanta mágoa
E solidão !...

O porvir
Está no segredo dos Deuses
É um silêncio dos céus
Assim escusamos
De sofrer sem tempo
Pelo tempo que depois
Sofreremos !...

Porque das mágoas
Nunca nos livraremos
Nunca seremos capazes
De ter um viver sereno
Nem esta vida não foi feita
Para viver em harmonia
Nem disso há garantia!...

O porvir, ai o porvir
Que venha o futuro
Que traga no sentir
A alegria de amar
O encanto de viver
Com que possa escutar
Meu coração bater !...

E entretanto
Vou idealizando
Sonhando sem pranto
E sem quimeras
Tentando descortinar
O que será o meu amanhã
Quando acordar !...

Entretanto vou prá caminha ver tv e tentar esquecer as mais belas passagens de ano que vivi... é o tempo faz-nos voltar ao passado quando o presente se mostra tão rude de afectos e compreensão!... Boas entradas para ti laurinha e, algures pelo espaço Sideral há Anjos e Arcanjos a brindar contigo. Brindemos pois meus queridos amigos! ao novo 2009...

A foto dos cisnes foi-me enviada pela minha amiga Girassol, e tirada por ela no jardim das Caldas que conheço muito bem! onde tem o Museu. Está lindo o momento captado. Obrigada amiga!...






terça-feira, dezembro 30, 2008

 

Tantos sóis, tantas luas !...



Tantos sóis

Tantas luas

Que passaram

E meus dias iluminaram

E minhas noites

De trevas profanaram!...


Tantos sóis

Nas alvoradas

Tantas luas

Tantas dores

Misturadas

Com amores e desamores !...


Tantas ruas e noitadas

Iluminadas

Bastava-me apenas

Sentir que a chama existia

E que não me abandonaria

No quebranto das madrugadas !...


Tantas luas

Tantos caminhos

De todo desconhecidos

Que surgiam pelas horas

Em que as sombras abundavam

E no meu ser se refugiavam !...


Tantas luas

Tantos sóis

Tantos lenços a acenar

Tantas vidas a partir

Tão poucas horas de amor

Que se tornaram desamor !...


Tantas luas

Tantos sóis

Tanta dor

E raiva contida

Por não chegar a ter vida

E não me sentir viva !...


Tantas luas

Tantos sóis

Tantas horas sem faróis

Tantos momentos sofridos

Tantas horas perdidas

Que não chegaram a nada !...


E é por isso que minha alma

Só vive nas madrugadas

Das luas prateadas

Que mantém as ruas do meu viver

De todo

Iluminadas !...








segunda-feira, dezembro 29, 2008

 

Ai as guerras Senhor!...


Dá-lhes Pai !...


Apenas um pouco
Um pouco mais
Senhor
Um pouco de amor
Apenas
Dentro de cada um
Para que parem
E cada um possa olhar
Para dentro de si
E ver
Que as carnificinas
Que cometem
São a pena mais dolorosa
Que terão de pagar
Amanhã
Quando suas almas
Mais uma vez, regressarem
Ao ponto de partida!
E quando olharem à sua volta
E puderem ver
Com olhos de ver
Que não era essa a finalidade
Da vida de cada um
Porque esqueceram
O mais importante
Esqueceram que o ódio
E o desamor
Os levariam pelos caminhos
Da dor
E não aprendem ao ver
O resultado das suas más escolhas
E não param para pensar
Que alguém vai ter de pagar
A destruição do mundo
E dos seres
Que vieram unicamente
Para se perdoar
E de novo, amar!...


Que os novos Lideres vão olhando para o mundo com olhos de ver!... Já não é sem tempo e nada do que têm feito até aqui resultou e assim; mudem de táctica e usem o amor em vez de armas, quem sabe, resultaria!... Sei que as raças atrasadas dos tempos Biblicos demoram a aprender o que é o amor, mas, se lhes ensinassem; quem sabe!...






sábado, dezembro 27, 2008

 

Flores para uma querida Lady!... A D. Alice.


Postei, ou antes quis postar. O pc não estava a responder e como a imagem tinha brilho, tentei que ficasse com o brilho, mas, a cada nova tentativa falhava. Depois o pc entrou de trombas e não me deixou fazer mais nada! Mandei-o passear, fui ver um lindo filme, a Fábrica de chocolate, e vim agora ver como ele está! Ainda lento, mas dá para voltar a fazer o que queria!... E já tem comentários e tudo. Pô, obrigada por comentarem sobre as flores, mas, decerto repararam que aqui havia gato!...

Ora bem, ai vem mais uma histórinha da minha vida ou seja, em agradecimento a uma querida Lady, a D. Alice a senhora que trabalhava no Banco Nacional Ultramarino!

Tinhamos acabado de chegar a Braga vindos de Pretória. África do Sul. Os meus conhecimentos aqui era poucos, uma vez que nas minhas férias quase anuais, fazia as minhas compras aqui enquanto ficava na casa dos meus avós em Covêlo depois da Barragem da Venda Nova! Ora não se esqueçam que gente surda precisa de criar empatia com as pessoas que vão fazer parte do seu dia a dia, ou seja; surdos gostam de ficar sempre pelos mesmos lugares, e assim vão conhecendo o homem da mercearia, a senhora da lavandaria, o talhante, etc etc supermercados e por ai fora!Senão teriamos de desfiar o rosário ou mudar de disco todas as vezes que fossemos a algum lugar e falassem connosco e não entendessemos...

Como o manel trabalhava fora de Braga teria de ser a nina laura a ir tratar das coisas ao Banco!
Primeiro a medo, depois fui ganhando confiança com a D. Alice (deixem-me dizer que era a funcionária mais linda do Banco) a senhora devia andar pelos seus quarentas , eu ia nos meus 36 quase, e bem, fazendo falta lá ia ao banco e quants vezes a rezar plo caminho para que a dita senhora estivesse no seu posto de trabalho para me ajudar! E pasme-se, por obra e arte de nem sei quem (ah, sei pois mas nem digo!) ela estava quase sempre lá e mal me avistava vinha ter comigo e expressava-se tão bem que eu entendia tudinho. Há pessoas que abrem demais a boca, há outras que a fecham demais, outras têm dentes tortos e tudo isso influi na forma de entendermos a leitura labial! Bem, como ia dizendo, o que eu não entendia ela explicava direitinho e chegava a escrever numa folha se eu não entendesse a coisa a preceito!

Os anos passaram, o Banco fechou ou saiu dali, e a dona Alice nunca mais. Houve uma vez ou duas que a encontrei, abraçamo-nos, e falamos dos filhos, as ninas dela, duas, a acabarem os cursos e os meus ainda a ir para a Universidade.
Muitas vezes me lembrei dela ao longo da vida e seu rosto e sua bondade permaneciam na minha memória!

Eis que na semana anterior ao natal, andava à procura dos paus de canela no Supermercado e vejo-a acompanhada do marido, e sempre linda, elegante, apesar dos anos que já se passaram (20) Abraçamo-nos emocionadas, falamos dos filhos de novo e antes ainda lhe perguntei se ainda se lembrava de mim! Então não hei-de lembrar a senhora tão querida e simpática dizia ela e eu, idem... O marido sorria compassivo entre curioso pela minha voz, decerto, mas era uma simpatia também, até que ela diz; mas a senhora sempre ouviu um bocadinho? e eu? Um bocadinho? que bom se assim fosse... Nada D. Alice, não ouço nadinha. Então como me entende tão bem? Porque leio nos seus lábios! E já agora D. Alice (ainda bem que consegui dizer isto) Muito obrigada e que Deus a Abençoe por toda a ajuda que me dava no Banco. Quando cheguei a Braga ainda vinha aflitinha pois não conhecia ninguém na cidade e quando ia ao Banco ia pelo caminho a pedir a Deus que a tivesse sempre lá para me atender, porque a senhora me ajudava em tudo e era sempre de uma bondade incrível para comigo. Abraçamo-nos emocionadas e choramos as duas e desta vez deixei que meu pranto corresse, por ver que há mais Seres de sentimentos nobres por este mundo fora!...








quarta-feira, dezembro 24, 2008

 

Madrugadas de amor !...


São todas nossas

As madrugadas passadas

Entre as brumas e o luar

E já nada fazemos

Para disfarçar

O amor que dia a dia

Se está a agigantar

E já nada nem ninguém

Nos conseguirá

Afastar !...


É nas madrugadas

Ao pé do mar

Que te espero

Com a alma em desespero

E, quando chegas

Corres para mim

Fazes-me em teu corpo

Resvalar

Me inebrias de desejos mil

E eu quase que fico, senil !...


Senil

De tantas loucuras

Que me fazes desejar

De tanto amor e ternura

Que em ti

Vim encontrar

E sei e sinto

Que desta maneira

Nunca nos iremos perder

Nem jamais nos iremos afastar !...


Porque temos de procurar

Nas madrugadas

O abrigo para o nosso amor ?

Porque não nos custa nada

Fingir durante o dia

Que amamos outros seres

Se sabemos que naquelas horas

Nossas almas de amor se inebriam

Nossos corpos gritam de êxtase

E nos iremos sempre pertencer !..


Ah, bendito seja o amor

Que nos chega

De qualquer maneira

Junto da lua prazenteira

Pois quando não se pode

Amar à luz do dia

E se o amor porfia

Só há uma coisa a fazer

É entregarmo-nos ao prazer

Que o amor nos vem oferecer !...


Já sabemos que seremos

Escravos da noite

Que teremos de fingir

Eternamente

Que não temos coração

Nem mente

E que doa a quem doer

Custe o que custar

Passe o tempo que passar

Sempre nos iremos ter!...


E no silêncio de nossas almas

Em paz, iremos viver !...

Porque a vida é feita de sonhos de amor

E é neles que passo a vida, a reviver !...









terça-feira, dezembro 23, 2008

 

Que nasça dentro de cada um!...



Que nasça dentro de cada um, a semente que já foi lançada à terra há milénios!
Que cresça no coração de todos a seiva fecundante que transforme este mundo errante, deturpado, esfacelado, num lar para todo o viandante cansado, magoado, odiado por uns e por outros, que não encontra o caminho para o LAR ...
Todos sabemos como é bom regressar ao lar quando o dia finda e a noite nasce. Mas, nem todos têm o sagrado poiso onde se abrigar das intempéries que nos assolam o dia a dia.


Como sou grata quando repouso minha cabeça na almofada e como penso em todos aqueles que não sabem sequer o que é ter uma almofada, uma cama, uma mesa, refeições limpas e saborosas para se alimentar! Ah, como eu peço todos os dias para que todos possam ter um lar, toda a familia deveria viver num lar apenas seu e dos seus! Ninguém devia viver na rua, no frio e no medo. Não, isso não pode estar a acontecer neste século. Não pode! É inconcebivel que nos dias de hoje ainda haja pessoas que são como nós, filhas do mesmo Pai, e estejam nas ruas a sofrer, a morrer dia a dia sem ter que vestir que comer!

Por melhores que possamos ser, já mostramos que não somos capazes de cumprir a Lei do amor! Porque deixamos que isso aconteça. Porque permitimos que haja quem os magoe, os abandone, os expulse como se leprosos foram! E eles são apenas nossos irmãos que tratamos como se foram salteadores. E se salteadores são, é porque não tiveram um lar, nem pão, nem educação!... E nós que tivemos tudo isso de mão beijada, nem por eles, somos capazes de fazer nada!...


Que o Novo Ano lance a nova semente, e que não caia em solo errante, mas sim que a Divina seiva o trasnforme no mais belo solo fecundante e que as flores do AMOR sejam polinizadas e multiplicadas, e delas se tirem para toda a humanidade, a Paz, a compreensão e a tolerância. Que o novo mundo que vai nascer, traga com ele e para todos, a abundância!...







 

A MIssa do Galo!...



Lembro-me que quando viviamos no Entroncamento, os pais levavam-nos à Missa do Galo. Depois começamos a ir com os vizinhos, e com o tempo, foram-se acabando. Aqui sim, sabia bem aquele caminhar sobre o frio e por vezes na pouca neve que caía em flocos de seda. Mas isso foi há muito tempo, tanto que quase já nem lembrava que também tive dessas regalias!... E quando iamos aos Avós, raramente ficavamos em casa nessa noite, pois há meia noite estávamos na rua a subir aquela ladeira que nos levava à Igreja ainda hoje tão linda!...

Tive pois, as regalias, as lembranças ficam retidas num qualquer cantinho da alma, e damos por nós a puxar por elas, a tentar esvaziar o cantinho, qual sótão cheio de coisas velhas. Velhas, mas boas! Costumo fazer dessas arrumações nos períodos de solidão. E encontro sempre algo que se vai avivando cá por dentro e, quase, quase que reconstruo aqueles momentos, e hoje foi mais um deles.

Porque não mais voltamos a essa tradição milenar? Ah, já sei, é o frio e o bem estar, é querer ficar no conforto do lar, não apanhar frio que da janela vê-se muito bem os elementos a cair, as pessoas a passar!... E de cima dos apartamentos custa a descer, a ter de esperar pelo elevador ou descer muitos degraus e assim!... Perdemos as melhores coisas da vida, pois as noites da Missa do Galo, são as melhores lembranças que tenho, da minha meninice e mais tarde em Luanda, iamos à Missão de S. Paulo, mas era calor, muito calor e nem custava nada andar nas ruas a essa hora!...
Quem dos blogues vai assistir à Missa do Galo?
Haja belas recordações para enfeitar mais um Natal... e das mesas cheias de tudo, que se punham de novo ao fim do jantar, cheias de iguarias e se traziam os amigos menos afortunados para connosco passar uns momentos de convivio e encher o estomago de algo sólido para que a caminhada até suas casas, fosse mais aconchegada!...

E hoje já nem à Missa vou. Tornou-se tudo uma hipocrisía, e ainda nos pedem o envelope com o que pudermos dar. Como se hoje em dia todos pudessem dar!... E raramente esses donativos vão para ajudar os mais pobres, e sim para a compra de mais um belo BMW ou Mercedes. Nanja que alguns padres não brincam em serviço!... Nem ajudam os que precisam, e ainda têm lata para pedir, sabendo que muitos nem podem dar!...






domingo, dezembro 21, 2008

 

O meu pinheiro !...


O meu pinheiro !...


O meu pinheiro
Feito de restos reciclados
E ornado de falso azevinho
Umas estrelas cadentes
Uns sinos que não tangem
Bolas de cores mil
Para alegrar esta quadra
Que de tão pobre que anda
Parece a mais desgraçada !...







Muitos andam lá nas compras
De sorrisos prazenteiros
Presenteiam a todos
Que têm mais do que eles
E esquecem aqueles
Que não têm nada de seu
Nem lar, nem pão, nem amor
Mas quem se importa com eles
E para onde foi o amor?





O amor agora parece
Que só vive na casa dos ricos
Já que o pobre fenece
De fome
De frio
E saudade
Dos tempos em que havia algum
E se conseguia viver
Com dignidade !...





Ah, meus Irmãos
Meus amigos desprezados
Como gostaria de muito ter
E poder ajudar-vos
Mas quem sou eu
Se para mim pouco tenho
E o que me sobra
É apenas amor
Ah se eu pudesse, com ele
Acabar com a vossa dor !...

Que Deus dê a todos, o amparo, que nada falte no lar de cada um, e, que haja irmãos de amor que possam doar muito do que lhes sobra para acabar de vez, com tão grande dor, que é a falta de um lar, a falta do pão e a falta tão grande que há de AMOR!...






sexta-feira, dezembro 19, 2008

 

O Roderick perguntou; como e quando fiquei surda!...



Respondi que com 6 anos, e que sinto que a minha voz não é feiosa de todo, que nem todos se apercebem que sou surda, bebo as palavras da boca dos outros... Falei-lhe do marido da Fernandinha a cabeleireira, me perguntar se eu ouvia a minha voz, por falar bem sem estar sempre a gritar... e ele, o roderick, fez uma história linda que vale um conto de Natal!... Leiam pois, é verdade o que aqui está, só lhe falta acrescentar um personagem que não pode faltar aqui, mas, ele prometeu que seria o próximo conto com os dados que lhe dei e assim; aguardemos pelo segundo volume!


Não havia muito que fazer.
Não tinha nada para ouvir, já que não ouvia desde os seus seis anos.
Saudades do chilrear dos pássaros, do barulho do vento nos ouvidos do riso de uma criança, de uma canção de amor.
Ainda se recordava vagamente como era.
Não tinha muito que fazer.
Foi visitar seus amigos do Cabeleireiro e em jeito de conversa,
disse-lhes que resolveu escrever.
Escrever uma carta ao Pai Natal.
Àquele velho barbudo, de ar bonacheirão.
Será que ele com aquela idade toda não seria, também, um pouco surdo?
Não! Não lhe iria perguntar isso! Pelo menos na primeira carta.
Nunca tinha escrito uma carta ao Pai Natal.
Era a primeira vez.
Quase a entrar na terceira década dos "entas" e só agora tomava a
coragem. Mas era para uma causa nobre.
Queria voltar a ouvir. Queria ouvir o som da voz dos seus queridos
filhos. Queria ouvir o seu próprio som!
Da sua boca. Dos membros do seu corpo.
Se as mãos fazia algum barulho engraçado quando as mexia.
Se fazia barulho quando arrastava os pés, quando estava indolente e
preguiçosa, de chinelos, em sua casa!
Queria ouvir o seu sotaque.
Sotaque esse que enganava muita gente que pensava que ela era
estrangeira.
Professor de português nunca pensou nisso de certeza!
Há imensos sotaques em Portugal, no Brasil, Angola, Moçambique, na
diáspora portuguesa, mas... sotaque de surdo português nunca um
professor de língua portuguesa teria adivinhado tal!
Pois é!
Até os eruditos teriam a aprender muito com ela!
Com o seu mundo de silêncios, mas ao mesmo tempo cheio de cor, de
vida,de luz, de ânsia de viver!
Mas era capaz de trocar tudo isso para estar cinco minutos a ouvir os
sons da natureza!
Ou pelo menos da Natureza, sangue de si. Seus filhos!
- Querido Pai Natal...
O que escrevo? - Pergunta-se ela! - Como o pedirei?
Nesses momentos uma pessoa bloqueia!
Perdida em imaginações mil, sentiu uma mão tocar-lhe no ombro.
Virou-se e saiu da abstracção que se encontrava!
Era o Delfino, marido da Fernandinha. A Cabeleireira, dona o Salão
onde se encontrava.
Por debaixo de sua casa.
Se não fosse a surdez, poderia jurar que muitas vezes, quando
descansava
à tardinha, ouvia o barulho das tesouras a cortar grandes mechas de
cabelo às senhoras pinocas!
Mas se nem sabia qual o barulho da tesoura a cortar! Já não se
recordava!
Seria idêntico ao barulho de um motor de automóvel?
- Desculpe, Laurinha. Mas, gostava de lhe perguntar uma coisa!
- Sim, Delfino?
- Enquanto está aí a tentar escrever a tal carta, apercebi-me que
falava o que pretendia escrever!
- E...?
- E então, perguntei para as minhas tesouras, será que a Laurinha
ouve a voz dela?
Naquele momento, Laura, podia jurar que conseguiu ouvir um pouco da
gargalhada que deu.
- Delfino! Moço tão inteligente não faz essa pergunta! Então se eu
ouvisse a minha voz, também ouvia a sua!!!
- Sim, claro! Que tontice a minha!
Esta foi engraçadíssima. Pensou Laurinha, virando-se novamente para a
carta.
E começou a carta.
- Querido Pai Natal. Gostava de te pedir a minha audição de volta.
Se vivesses no meu bairro percebias o que quero dizer. Tenho amigos e
vizinhos tão engraçados, que gostava de ouvir as suas piadas e
graças!
Mas principalmente... gostava de ouvir o barulho que faz o amor, que
têm por mim.
Obrigado, Pai Natal. Sei que vais ser um velhinho compreensivo e
trazer-me de volta aquilo que eu perdi, enquanto criança!
Beijos, Pai Natal
E já agora! Para o ano, quando desceres a chaminé... não faças muito
barulho, senão arriscas-te a acordar-me!
;-)
FELIZ NATAL.

(PS. o Pai Natal disse-me que ia sornar sobre a carta e depois me daria a resposta... mas, pelo ar que ele tem, parece que vai demorar a responder !)






 

Eu vi um Anjo !...


Eu vi um Anjo
Um Anjo de asas brancas
De roupagens deslumbrantes
Cabelos ondulantes
Que esvoaçavam ao vento
Por todo o firmamento !...

Era um Anjo sim
Podia ser um príncipe
E se Rei fora
Eu saberia
Porque na cabeça
Uma coroa teria !...

Mas a cabeça nada a cobria
Apenas uma cascata de louros cabelos
E na mão
Grande espada trazia
Que ao sol tremeluzia
E eu nem sei que Anjo seria !...

Mas sei que era um Anjo
Pois no seu olhar muito brilho havia
E a bondade sentia-se
No olhar que me consumia
E eu queria olhá-lo nos olhos
E de todo, não conseguia !...

Era um Anjo
Era um Anjo sim
Era o Anjo da alegria
Que trazia a sua espada
Para matar a tristeza
Que quase me consumia !...

Era um Anjo sim
O Anjo mais belo
Que no céu havia !...






quinta-feira, dezembro 18, 2008

 

Obrigada amigo! pela surpresa...



Chamaram-me, o carteiro estava à porta com um embrulho!... Vi o remetente e, fiquei cá a pensar c'os meus botões; credo, cruzes, um presente pra mim? mas, mas... Corri escada acima, claro que não ia correr escada abaixo, só se fosse aos trambulhões.

Abri. Uma belissima garrafa com um boneco de neve em miniatura colado ao pescoço da dita garrafa! O arranjo que está na mesa foi fotografado de mau angulo e não lhe faz jus, não faz porque são proteas da África do Sul que a minha amiga Nôr me trouxe no sábado! Ela tem arbustos no jardim dela no Porto.(É uma amiga de longa data e falarei dela mais tarde ) e visto normalmente de cima, fica lindo e assim só se vê um bocado das flores. Reparem no neco, achei-lhe uma graça que nem o tiro nem o deixo tirar. Há-de ir prá mesa no jantar da Consoada! E hei-de beber à tua saúde e à minha também, meu amigo!...E à de todos os amigos que a diário se cruzam connosco nos blogues!Palavra de laurinha.

Fico-te grata pela atenção e pela amizade, tão recente ainda, é certo, mas quando cá vieres como prometido, vais ver que nos vamos rir perdidos um com o outro!...

Um Bom Natal, sei que não tens a casa pronta nessa altura, mas há muito onde consoar, e, se quiseres vir até cá, apesar de não ter uma mesa muito rica, nada falta de tradicional! Assim; entra e sê bem vindo ao meu lar onde há amor em profusão, e paz, muita paz !...






quarta-feira, dezembro 17, 2008

 

Saudade Natalícia ...


Saudade Natalícia !...


É saudade o que fica
Nestes Natais
Que vão passando
E de nossos olhos
Lágrimas vão rolando
E quantos mais passam
Maiores as saudades
Vão ficando !...




É o lugar do pai
Que falta à mesa
Para connosco jogar
E aos pinhões, trapacear
E para nos encantar
Com histórias reais
Dele e dos seus Natais
Tão tristes, sem pais !...






Faltam também os avós
Que nunca nos deixavam a sós
Junto do lume crepitante
Que brilhava incandescente
Nas chamas que subiam
Para aquecer os Anjos
Que nessa noite
Desciam !...




E os irmãos mai’la lembrança
Que temos
Das tardes percorridas
P’los montes à cata de pinhas
Para que a lareira
Pudesse aquecer mais
E que felizes e contentes estávamos
Ao pé dos nossos pais !...






E a saudade das tias?
Que já se foram também
Onde vamos agora sozinhos
Apanhar o azevinho
E trazer dentro dos alforges
O musgo tão verdinho
Para alegrar e honrar
No Presépio … o Deus Menino !...








terça-feira, dezembro 16, 2008

 

Bebamos à nossa, Xistosa!...



Ora ai vai, uma Cuca geladinha para o Xistosa, e tchim tchim com ela, bebamos à minha e tua saúdinha, e dos nossos amigos que como nós, calcorrearam as ruas da minha Cidade!
enquanto papamos um pratinho de tripas, feijoada ou deixa lá ver o que o Bar Cravo tem para nos oferecer. Comecemos plos camarõezitos enquanto os vamos descascando, vamos lembrando a vida ali!

O meu amigo dos blogues Inseté e Xistosa! Como fez a tropa em Luanda, ah, rapaz, de certezinha que foste muito contrariado, aliás, foram todos fazer uma guerra que nem era deles!
Mas o clima nem todos gostavam dele, estavam habituados ao frio, de passar os seus Natais juntos da familia e, de repente dão com eles junto de milhares de estranhos que, como eles tiveram de abalar para longe do lar!

Nem todos podiam ter boa vida e nem todos recebiam uma mesada que os pais mandavam! Assim; os mais sortudos ainda se divertiam por lá quando havia com quê, tinham os seus carros e, os mais pobres passeavam pla cidade, a pé, e enchiam as praias com as suas fardas.

O Clube Náutico era virado para a Baía, fui lá muitas vezes com os pais ou amigos, almoçar, jantar, o que fosse, e era ali que gostava dos chocos com tinta, e quando eramos catraios, mostravamos a boca toda azul para enojar uns e outros. Andei de barco vezes sem conta naquela baía linda, e vi muita pesca submarina, ali ou na Corimba, e por todo o lado se fazia isso, era moderno, pelos vistos. Horrorizava-me ver os peixes debaterem-se no arpão.
Claro que é mais limpo apanhar peixe assim do que cortar cabeças a galinhas e perús, se fossem mais inteligentes faziam como o zé do cão que embebedou o perú dele com uma garrafa inteirinha de wisky, e depois admiraram-se de que o bicho nem soubesse lá muito bem depois de assado. (podem ver no blogue dele enquanto lá está)



Luanda na altura era linda sim, embora houvesse Musseques na mesma e a Cidade fosse jeitosa e elegante! Havia de tudo, mas, agora degradou-se de todo. O meu querido Bairro de S. Paulo, está tudo menos bonito como antes, as ruas como já saiu o alcatrão, estão esburacadas e a construção de barracas alastrou e... é a continuação dos musseques Prenda, Cazenga, Bairro Operário e por ai fora! E dizer que estava junto às artérias mais famosas da Cidade, pode ver-se pela imagens o estado de tudo!

Tenho amigos que vieram de lá há pouco e, desiludidos, claro, ouvem-nos falar daquilo, aventuram-se porque há lá negócios chorudos para quem tem massa, mas depois regressam sem fazer negócio nenhum, sentem que foram por nós, enganados. Mas não, aquilo no nosso tempo era lindo, não temos culpa que quem lá ficou e os novos inquilinos que chegaram tenham transformado aquilo numa lixeira a céu aberto, nem temos culpa dos milhares de meninos sem pais que dormem ao relento pelas praias e fazem dali as suas casas de banho!... Dizem que cheira mais a merda que a maresia. O meu tio diz que viu gente a vender nas estradas, só um sapato!, usado, claro, e havia muitos meninos e adultos só com uma perna, assim, servia sempre a alguém. Vendiam tampas de sanitas, coisas velhas ou novas, todos vendem por ali fora para sobreviver!...
Não quiseram que nos viessemos embora que os estavamos a explorar? E agora quem o faz? se continuam a viver cada vez pior! Claro que havia quem os explorasse, mas nós estavamos lá a trabalhar e a viver!...
Bem, Xistosa, um abraço para ti e ergamos nossas Cucas ao alto e que a tua operação corra bem, tão bem que depois me vás visitar quando eu fizer a minha!...
Abração da; laura!...






domingo, dezembro 14, 2008

 

Eu e a mana Maria Clarinda, temos andado a!...



Desejar ardentemente visitar a nossa terra de antes! Pelos vistos ela até morou lá pró meu bairro, e se não for ali, é perto... Bem, na nossa Ilha ela andou pois conhece e descreve tudinho!

Já lhe disse há dias que; deita pózinhos de perlimpimpim na sopa do manel e dos filhos e, ala que se faz tarde, e, juntas iriamos rever a nossa Cidade, a cidade onde o Natal nunca lembrou o Natal, pois ali o calor passava de 40 graus naquelas alturas e o bacalhau nem apetecia muito, e ao outro dia era cabrito assado no forno, eu nem ligava nenhuma, depois travessas de camarões, ou lagostas, lagosta(as) pois, e mal aproveitadas!

A passagem de ano era nos clubes ou em casa dos amigos, e, claro, mal saiamos de lá, toalhas no carro e praia connosco, montavamos a barraca, só o nosso grupo já armava barraca que chegasse, e toca a dormir ao relento e tendo o céu estrelado por cima de nós, e a lua a cobrir-nos com o seu manto!... E ah, os namorados, clarinda...coisinha boa, não era? mas que inocência !... pobre de mim, tinha-os claro, normalissimo até ai, mas nunca os levei prá Ilha, ahhh, o meu irmão ia sempre senão! e esse era pior que o meu pai e assim!...

Nina Clarinda, ora conta aí bocadinhos da tua vida para eu poder relembrar...marius, podes dar um jeito e contar, ah, como amores ou sem amores, qualquer coisa que nos deixe lembrar como aquela terra nos foi mais que Mãe!...
Esta poesia, é como é, mesmo inventada (não éra o pessoa que dizia que o Poeta é um fingidor?) Não tive nenhum amor que ficou lá, nem passei a noite com ninguém, mas como nem me acreditam... aí vai ela...

Luzes que brilham …


Luzes que brilham na noite

Noite profunda

A lua que se revê no mar

Vaidosa do seu manto de estrelas...


Tu e eu de mãos dadas

Entrelaçadas

Deitados na areia

A sentir o mar enleados...


Da nossa primeira noite

A ver o mar a sentir a lua

Com seu manto a arrastar...


Ficaste lá

Eu tive de voltar

Nunca me deixaram contigo ficar...


Assim, meu amor profundo acabou

Acabou para o mundo

Mas não para mim...


Que vou ao mar procurar-te

Me deito na areia

Sinto tua mão entrelaçada

Na minha revejo-te...


Como naquela noite nossa única noite de amor

Porque sabes bem que todas as noites vou ter contigo!…