Em breve já não precisas de tapar os ouvidos com as duas patas, nem de pensar que os vizinhos viriam bater à porta... Descansa que se eles o fizessem, esqueciam-se de que... faziam barulho pelas cinco da manhã a bater com a gilete no lavavo, que mal acordavam os filhos eles desatavam a chorar sem parar e ainda nem eram seis da manhã, que o cão dos vizinhos também ladrava, mas, isso nunca aconteceu, e dentro de dias não mais vamos por a musica nas alturas...

E gracias, já não vou precisar de encostar o ouvido à grafonola, às colunas de som, que tinha de por muito alto, e claro, seria barulhento demais para os vizinhos... Quantas vezes eu e o shakita de portas e persianas corridas, mesmo de dia, sozinhos em casa para não nos mandarem baixar o som... escutavamos a musica nas alturas... e lembro o olhar incrédulo dele como quem diz; não estará alto demais laurinha? ólhós vizinhos...e como me via enlevada a ouvir a Móóóóóóóóóniaaaaa de Peter Holm, as músicas do Roberto, enfim, o Adamo, Michele, ele lé se recostava no sofá e dizia, deixá-la ouvir, eu faço de conta e os outros que façam como eu!

E assim, vamos deitar fora os velhos auscultadores que nem sempre me davam o som como queria, e, graças ao João meu amigo, o Cerejo, ofereceu-me uns da melhor marca, quando fui ao Brasil,(Obrigada querido João e Wanderlucia) dava para aumentar o som, sentia-me confortável com eles, mas... a tv não é das melhores, o som por vezes falhava, e, quando dava um filme de que gostasse, as legendas das canções, minha nossa, transformava-se em motivo de tormentos pois queria ouvir e não conseguia, raios, quantas vezes fiquei mesmo magoada por isso...

E já agora, não precisarei de me encostar na tv, de mãos espalmadas a tentar ouvir melhor, nem precisarei de me chegar para perto da grafonola a tentar ouvir o que nem ouvia, mas que raio de vida... A minha revolta maior, embora já estivesse habituada a viver no mundo do silêncio, senti-me sempre vibrante de música, de sons que eu inventava, e não é que parecia mesmo que os ouvia dentro de mim... Sons que me traziam o marulhar do meu mar de Luanda, as minhas tardes, manhãs, o que fosse, o entardecer nas rochas vendo o sol ir embora, enquanto dentro de mim apelava aos verdadeiros sentimentos da vida!... Ah, o dia está a chegar, mas descansem que nem falta assim tão pouco, mas também não é preciso maquineta para os contar... Por enquanto vou deitando para o lixo o que não me vai fazer falta!...Ou seja, vou arrumar os armários que tenho cá por dentro. Haverá muito para reciclar!...

Daqui vai o meu obrigada também ao nino do blogue do Luso, o tigre ou Sandokan, que foi ele que me marcou a consulta numa casa de aparelhos em Coimbra, uma casa que também havia aqui... a mesma firma, mas, tinha de ser ali, tinha de ir ter com a Dr Ana Dulce, a querida médica que chorou comigo as lágrimas da minha dor, de querer ouvir e nunca saber como o fazer... e, quando vi que aquilo era uma casa de aparelhos disse pra mim; xi, mas que coisa, se eu sei que aparelhos não me ajudam!... Foi a partir dali que ela ligou ao meu querido Dr, depois a consulta marcou-se em três tempos, e, ESTOU AQUI! Dr Ana Dulce, estou quase, quase lá. O que não vai deixar que depois de activada, não passe por lá a dar-lhe o abraço agradecido , sentido, a uma médica com coração!...
E aos meus queridos Paizinhos adoptivos (já nem sei se o p entra ou se sai, esta coisa do acordo ortográfico, baralha-me, ó balha-me !) o Óscar Cardoso, ná, ná, não é o futebolista, xi, esse não, é o meu paizinho de Serpa Pinto e a querida mãezinha a Côca, Irene para ser mais precisa. A eles também o meu muito obrigada, e sei que estão tão felizes quanto eu, a torcer para que o dia chegue e a tormenta passe!...

  Publicado por Laura    08:19