Quantas e quantas vezes as palavras ficam apenas dentro do coração...
Há quase dois anos que andas a passear a mala de cá p'ra lá e de lá p'ra cá! e junto com ela vai a minha saudade a embalar.
Adoro ir levar-te ao lugar onde os pássaros gigantes levantam voo. Sais para fazer o cheque in, eu vou estacionar, subo, esperas por mim como nessa foto que tirei ontem... não me deixas ir embora, nem que eu tenha pressa tentas reter-me em ti vamos beber um fézito, depois sentamo-nos lá fora para o teu cigarrito! e lá vou eu acompanhar-te até onde posso ir...

Gosto de ir buscar-te, ah, nem dá para por o carro no parque, lá vens tu a correr de mala aos sopetões quando não destrambelha na corrida que fazes, como se não tivessemos todo o tempo do mundo! e eu voo, voo para fora do carro e atiro-me nos teus braços, os únicos braços do menino homem onde toda a vida me acolhi, os braços que me recebem com amor. Sei que o teu é puro é da alma, é o amor que não trai, não abandona, não desiste!

Trocamos de lugar ao volante, passo para o lado depois daquele abraço sem fim, dos beijos á la minute, e vais contando a tua vida, os teus sonhos, e sempre me perguntas como vai a minha vida, como vai o meu viver... sempre com aquele sorriso que já faz parte de ti e de mim, aquele sorriso onde se nota o desejo de levar os sonhos avante, para lá de ser apenas uma miragem! só sei que fico feliz de te ir buscar. Para lá falamos pouco já vais mais calado, nota-se no teu olhar que vais contrariado, mas, é a vida meu filho, é a vida que o nosso País vos obriga a levar, a ti e daqui a pouco a Neide segue os teus passos e eu apenas esperarei o tempo passar, aquele tempo que jamais será igual sem vós, aquele tempo em que terei de sair de casa quando a saudade apertar...
Apenas tenho de pensar positivo e na verdade nem vai custar muito a espera, desta vez vens para o S. João, já falta pouco, daqui a dias vais para a Itália, tão bom conhecer mundos novos... e daqui a nada estamos a caminho de casa, e, quando viramos para a nossa rua, começas a farejar o ar como fizeste da última vez que te fui buscar... e de nariz no ar dizes-me que fareje também, eu bem o fazia mas não me cheirava a nada e dizes-me no teu riso que me deixa maluca; ó tótó não vês que cheira a casinha! a casinha da mommy!

Aqui já eramos três, a neide já mexia e gostavas de a sentir espernear na barriga, passavas a vida a falar com ela, a proteger-nos, raramente tive de vos repreender por se pegarem... e não me admirei quando ontem te foste, depois de desceres as escadas, ela ficou a chorar, a soluçar. Nem é costume já que tu vais e vens quase de dois em dois meses. Ontem perguntei-lhe porque chorava. Respondeu que tinha saudade de ti, que a vida era injusta para aqueles que se amavam!
Então não é? eu que o diga!
Amo-vos filhos!

  Publicado por Laura    07:37