Não, nem vou falar da forma que aprendi, sobre homens e mulheres sem tampa, ou destampados, como quiserem!... Quando era novita e suspirava pelo amor da minha vida, diziam-me sempre; Laurinha, toda a panela tem a sua tampa, e ninguém morre destampada, enfim, isso levou-me a lembrar das tampas das panelas lá em casa, em que havia uma barafunda com elas no armário da cozinha... e até encontrar a tampa certa demorava, mas acabava por aparecer.

Nem se trata de relações daqui e dali! Toda a conversa vem a propósito da minha estadia no hospital, e como tudo se conjuga na perfeição nem que seja com um simples frasquito, para que tudo se harmonize!...

Sabemos que há tampas demasiado grandes e que nunca encaixarão no recipiente que lhe destinaram, assim como nunca vedarão bem e o caso é esse da imagem da mulher assustada com a tampa levantada... A tampa dela é demasiado grande para o tacho que está ao lume... assim; não sendo a tampa certa, não acerta na comida!...Disso vê-se por ai muito. Há quem troque de tampa e não morre ninguém, continuam a fazer aquilo para que foram feitas as tampas, para vedar liquidos, comidas, relações, o que for!...


Isto a propósito que lá no hospital quando pude ir tomar banho, reparei que esqueci o meu creme hidratante em casa, e ali na cama sempre deitada a pele seca irritava. Pedi à enfermeira de serviço (era a enfermeira que me fazia os mais belos turbantes na cabeça: verdade seja dita, talvez a enfermeira mais velha, mas sempre elegante, e cuidada) a gentileza de me arranjar um cadinho pequenino de creme para aqueles dias, para por especialmente nas pernas! E não é que ela apareceu pouco depois com um frasquinho que devia ser de comprimidos, quase cheiinho, mas, sem tampa! e pensei eu, ainda vai sobrar e se sobrar levo-o comigo, mas como, se não tem tampa!... Aquilo são frascos que se deitam fora. ficou em cima da mesa de cabeceira. E todos os dias punha um cadinho desse maravilhoso creme.

Durante dias e dias tinha de tomar os comprimidos para as dores.Por vezes não mos deixavam e tinha de os pedir.Outras deixavam-nos na mesa de cabeceira e por ai. Ou seja, nas respectivas embalagens, mas atirados para cima da dita cabeceira. Nessa noite, a última que lá passava, dormi sossegada, mas apareceu um enfermeiro muito querido que me perguntou se tinha dores. Disse que não, mas ele iria deixá-los ali ao lado, que dormisse descansadinha!... Ainda o vi a colocar algo lá na mesinha, mas estava entre sonolenta e, só que reparei que aquilo tinha uma cor amarelada, então abri mais os olhos e vi que os tinha trazido numa linda embalagem amarela, devia ser própria pensei cá para mim...
De manhã quando acordo, olho em redor e vejo a embalagem com os dois comprimidos. Digo para mim; ele é homem e trouxe-os de forma elegante, mesmo isto sendo uma tampa de algum frasco...
De manhã chamam-me para a consulta. iria para casa de tarde. Chego ao quarto e começo a enfiar tudo no saco, as coisas de toilet na bolsinha, olho para o creme e penso; que farei de ti assim? destapado não chegamos a lado nenhum... Olhei para aquela tampinha amarela e antes de tentar disse; não querias mais nada pois não laurinha? Ah, e nem pensem que minto! aquela tampinha passados 7 dias, abandonada lá na secretária dos medicamentos... veio às mil maravilhas, fechar o meu frasquinho de creme, que, ainda está na minha casa de banho e que aplico suavemente nas minhas pernas todos os dias!...
Haja Fé! e até a mais simples tampa, aparecerá como por magia na sua vida e na minha!...

  Publicado por Laura    08:15