Estavamos no chat, era domingo, um sol bom, a Getta estava macambúzia, desafiei-a a saír, pedalar pla cidade, avisou-me que ia c'as trombas no chão, que estava num péssimo dia, não ia ser boa companhia. Não faz mal ó pariga, ponho-te a rir não tarda e ficas logo fina!

Já tinhamos curiosidade em saber como ficou o velhinho parque de S. João da Ponte. Eu e os putos quando eram pequenos iamos para lá a cada passo, tinha um lago, barcos a remos, saltamos todos para dentro de um, ehhhh o Nuno bem suava a remar, devia ter uns 9 anos e o desgraçado do barco andava em parafuso... foi um rir sem parar, quase afundamos o dito do barquito, até que lhe disse; se continuas a teimar sempre da mesma maneira, vais ver que não sais do circulo! Experimenta remar mais para um lado, etc, etc, e lá fomos em frente. Anos mais tarde deixamos de ir para lá, o arvoredo era cerrado e havia seringas por todo o lado, assaltos, e, esquecemo-nos do parque.

Li que ia ser remodelado, cuidado, haveria uma Biblioteca, cafés, restaurante e o lago continuaria ali. E já que queriamos satisfazer a curiosidade, nada como passar umas horas na sombra amiga das árvores centenárias, havia cedros , cedros para mim levam-me ao Líbano, á parte Biblica. Olhai os cedros do Líbano!

Agradou-nos, apenas detestei que pusessem o raio dos cafés em cima do lago, mas que falta de senso se estamos em Democracia porque não consultam o Povo antes de aprovar uma obra que apenas vai servir o povo e não os Governantes que nem lá põem os pés? o lago encolheu e uma boa parte tem a esplanada em cima, vá lá, há espaço para tudo e deviam ligar ao outro parque das traseiras do parque de Exposições, sem termos de descer as escadas com pouca segurança...
Estavamos sentadas a apanhar sol, sol é comigo e com a getta a sombra... desatam a tocar música mais que pimba, daquela; ó zé tira a mão da saia que a saia não é tua, e coisas assim, nas alturas. Errado, o povo não gosta da mesma música e havia palavrões lá na letra, enfim... vinha da casa dos reformados do parque... Eu bem via os olhares que o pessoal deitava para aquele lado da tal da casa dos reformados... e como sempre sou de opinião que se deve seguir a onda, disse; mais vale começarmos a bailar aqui e daqui nada juntam-se todos a fazer o mesmo.

Porque o mundo é tão longe

que minh'alma não consegue

encontrar-te?

Houve promessas há milénios

de percorrer o mundo sem desfalecer

em busca do nosso amor!...

Esqueceste que lá de onde viemos

havia miríades de estrelas

dispostas a mostrar-nos o caminho.

E os ternos passeios ao luar

envoltos na bruma do mar

e do suave perfume dos cedros do Líbano.

Por onde andas ó peregrino

que cada vez mais te sinto afastar

e eu própria me vejo vacilar.

Como uma estrela

que faltando-lhe a energia

acaba por se apagar!

Sei que todas as noites e todas as horas

subimos á montanha

orando ao Altíssimo para nos juntar.

Só que sinto o nosso mundo tão distante

e por mais que queira

o teu rasto não consigo encontrar!

  Publicado por Laura    09:34