Estive em S. Miguel de Ceide há pouco, levei uma amiga a uma consulta, e em vez de esperar numa sala fechada fui até lá, lembrei-me da angústia que senti naquela casa que conhecia há anos e ...
Já conhecia a história de Camilo, aliás desde miúda que o pai me comprava livros dos nossos Poetas, Escritores, tinha já uma bela colecção deles (os tais que se 'afogaram' quando da enchente da garagem onde estavam numa estante tapados, guardados, enfim...

Em tempos comprei um livro que falava da vida atribulada do nosso Camilo, o nosso Poeta, Escritor, Jornalista e tresloucado jovem, amante dos amantes, envolveu-se com saias demais, dizem! Viveu a vida numa orgia de romances e perdas, envolveu-se até com uma freira, mas como soe dizer-se, o amor é cego e só vê a alma, ou as almas!... Quando entrei naquela casa, senti-me tão envolvida, dir-se-ia que era uma sua parente, tão vivos estavam os seus relatos, dos livros que li sobre ele. O que mais me fascinou foi sem dúvida o seu romance com uma mulher casada, e, pasme-se, como seria possível naquele tempo, humilhar uma pessoa dessa forma, fazendo a lei ir em busca dos amantes! (já estou a ver os que pensam á antiga a dizer; era bem feita, tivessem juizo, etc. etc.) Já sabia a história toda, certo, mas ao entrar ali, ver parte dos objectos pessoais, móveis, o quarto, quartos dos filhos, a cozinha, tudo... Naquele dia éramos os únicos a fazer a visita, fomos cedo, iamos a Famalicão almoçar e entretinhamo-nos por ali, já que um dos miúdos tinha um trabalho sobre o Camilo, nada melhor que levá-lo lá a ver a casa e ouvir a guia!... fiquei feliz por estar em privacidade nalgumas salas, sem poder ouvir as palavras da guia, mantive-me afastada deixei-os ir na frente... mantive-me ligada a eles pelo coração! Tentei reviver as vivências, a angústia dele e da Ana Plácido, (casada com Manuel Pinheiro Alves) ter de fugir durante anos com as autoridades no seu encalço, caramba, aquilo era amor, o tal do amor!... que galga montanhas!

Ana Augusta Plácido é a «amante querida» de Camilo, a sua mulher fatal, a quem este atribui o criptónimo de Raquel. Nasceu em 1831 e, apenas com dezanove anos de idade, consorciou-se com o capitalista Manuel Pinheiro Alves, de quarenta e três anos. Filha de António José Plácido Braga e de Ana Augusta Vieira, em 1856, enamorou-se de Camilo Castelo Branco. Uma paixão que lhe trouxe problemas a tal ponto que o marido enganado a colocou no Convento da Conceição, de Braga. Consta-se que Manuel Plácido, filho de Ana e - legalmente - do capitalista, tenha Camilo como progenitor. Manuel Plácido nasceu em 1858, altura em que Ana Plácido afirmava ao marido amar Camilo e ser este o único homem capaz de fazê-la feliz. Desesperado com a insistência de Ana em permanecer na companhia do amante, Pinheiro Alves instaurou um processo de adultério em 1860. (tirado da pesquisa da net)

É impensável nos dias de hoje que se faça uma perseguição aos seres que não sendo livres pelos papeis da união, são e serão sempre livres pelo coração! Não há maior crime do que impedir alguém de amar a outrém, de se meter nos caminhos do amor! Nem me venham cá com as palavras da Biblia que não são entendidas na verdade! Cada um interpreta á sua maneira, mas, essa de que Deus castiga quem separar um casal! Ele refere-se a que; ninguém separe o que Deus ajuntou! Exactamente, porque um casal que se ama, ninguém conseguirá separar, mas um casal que vive junto , casado, sem se amar, aí não houve a união que Deus prediz! Não havendo amor!... é isso que Ele quer dizer e a maioria para sua comodidade, não quer entender! Comodidade, beneficios, mordomias, (por vezes nem isso) ah, as eternas desculpas, mas, não, onde há amor, deixai-os, deixai-os seguir os seus caminhos, porque amanhã tereis o mesmo empecilho nos vossos!...
Por mais que escreva não dará para narrar o sofrimento deles, e referindo-me a eles, refiro-me aos milhares de seres que de uma forma ou de outra, são perseguidos de mil e uma maneiras, pela posse, a raiva, ciúme!
E por aqui na nossa terra se vêm esses crimes hediondos, que parece foram tirados de um qualquer romance de cordel. Ainda há pouco estive a falar com as amigas por ver na tv casos de maus tratos... a morte de mulheres por suspeitas de serem amantes, só suspeitas... vá lá!... assim se ceifam vidas, se cortam anos de vida a quem veio ao mundo para evoluír!...
Amam-se? Deixá-los amar! querem ir viver as vidas junto de quem amam? deixá-los ir! A vida, a culpa, o perdão é de cada um, logo!...

  Publicado por Laura    08:42