Claro que já pinto de tudo, umas paredes, uns sapatos, umas portas de casa, brancas e dos dois lados ehhhh, uma folha de qualquer coisa, já pintei um lindo por-de-sol que ofereci a uma grande amiga, tudo sem professor!... É que em Luanda andava a aprender a costurar em casa de um pintor, na Rua dos Pombeiros, a mulher a D. Rosa era um amor e eu ajudava-a em tudo o que dava, e como o marido e o genro o Mário passavam o dia lá atrás no barracão enorme, mas de tecto de chapa baixa, o calor tornava-se insuportável e raro era a tarde que o tio, como eu chamava carinhosamente ao Pizarro, me viesse pedir à sua moda como no Porto; ó Laura fazes um suminho de limón? e os limões em áfrica eram do tamanho de gemas de ovo...xi, quanto limão não espremi naquela casa!... e levava uma enorme caneca cheia de cubos de gelo e doce, docinho como eles gostavam e entretanto como adorava a pintura, parava ali, dava uma pincelada ali e acolá, o Mário pintava aqueles enormes quadros de caçadas antigas, douravam móveis e tinham clientes da alta!... e fui aprendendo a manejar o pincel e daí as lições que já recebi e já me dão para me desenrascar!...
So que tinta a óleo custa euros e qualquer tinta custa! quando a Neide foi para a Zambujeira no regresso passou na casa dos meus queridos paizinhos adoptivos desde os meus 17 anos, de Serpa Pinto, e ela pinta há muitos anos, (neste momento já muito doentinha dos pulmões e já não deve pintar nada! pode fazer-lhe mal o aspirar das tintas) então lembrei-me que poderia ter restinhos de tinta por ali e vai daí liguei-lhe; Ó Côca se tiveres uns restinhos de tintas, manda pela neide uma meia dúzia deles que eu quero ir praticando pintura etc etc...A rapariga chega ao outro dia e qual meia dúzia!... Um caixote enorme que mal se podia com ele, com tintas a óleo, acrilicas, de água guaches, fiquei ali aparvalhada a olhar para tanta tinta e, feliz, feliz por ter a oportunidade de começar a praticar de novo, para poder ocupar o tempo numa coisa que gosto...de pintar!... E muito obrigada meus queridos Côca e Béquinho, pela ajuda preciosa e farei por lhes dar bom uso...

Já comecei e a ver se consigo que fique igual à paisagem de que já vos falei quando ia meia dormente , perdida na serra Darga e vi aquele oásis de beleza, de cor verde e algum colorido tudo envolto em névoa, não chovia, cacimbava como gosto de dizer, mas cacimbar é só em África ehhh, mas que lindo, e estou a tentar, embora me seja dificl por a água a cair de pedras a fazer uma lagoazinha, mas...Tentei lá voltar, isto em mais duas vezes e!...não consigo, entro pelo mesmo lado, só há uma estrada e aquele lugar lindo não aparece, visão? Acho que não, nunca fui de visões, embora por vezes me pareça estranho o que vejo a horas improváveis, mas disso falarei mais tarde...
(A imagem acima é tirada da net, o meu quadro hei-de colocá-lo quando estiver mais ou menos, neste momento fui apagar a água a cair pois não está como queria, mas, hei-de conseguir...presunção é água benta e cada um toma a que quer ehhhh)

  Publicado por Laura    08:27