A minha Poesia em pps
Formatado por Zélia Nicolodi, Vitor Campos e Estrelinha d'Alva
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Quero Alguém


O meu tecer de Esperanças!...


Já escalei a minha montanha!...


Amar-te-ei Sempre!...


Não te vás nunca!...


Não foi o ocaso


quinta-feira, maio 10, 2007

 

Cegos e surdos, que bela dupla poderia ser!...


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Vem este post a propósito de fazer uma bela dupla com um cego!...
Eis a história que me fez há tempos falar sobre surdos e cegos unirem seus esforços (surdos que falam!)
Primeiro deixem-me contar como convivi pela primeira vez a tempo parcial com um Professor em Serpa Pinto (Angola) Ele era casado com a Professora Lina, de origem Indiana, uma belíssima pessoa, já iam os dois nos seus 55 anos mais ou menos. O Professor Ivo cegou havia 25 anos, deixou de exercer o professorado, e ficava em casa, aguardando pacientemente que a mulher regressasse das aulas. A escola era a uns bons 30 metros nem tanto. Acabei por tomar contacto com eles quando fui a Pretória fazer uma operação aos ouvidos, e ficou tudo na mesma, a ciência está a evoluir laurinha, a ciência um dia destes já tem a tua cura e por ai fora. Sei que fiquei uma semana de cama com o desgosto (tinha 17 anos) chorei que me fartei, mas, a vida continua.. e os meus pais adoptivos a Côca e o béquinho, lá me encheram de amor e tudo fizeram com que isso não passasse de um mau bocado e mais nada.

No dia a dia ia visitar o casal de professores na sua casinha muito linda e simples, estavamos no mato, viviamos rodeados de natureza por todos os lados. Comecei a ganhar a confiança do professor Ivo, laurinha para aqui, laurinha para acolá e não tardou a irmos juntos, de braço dado calcorrear os velhos caminhos daquele lindo lugar que tivemos o privilégio de habitar. Então fomos conversando (que giro quando eu ia a falar ele já estava aolhar para mim como se me visse), então perguntei o que mais lhe custava não ver. Disse que custava tudo, porque tudo era importante para ele, desde as cores do sol no ocaso, da lua na sua fase mais bela, da cor das árvores, dos verdes selvagens que nos rodeavam. Lá iamos andando por ali fora, juro que eram kilómetros que faziamos sem darmos conta. Por vezes a vegetação era densa e dizia ele, estamos a chegar perto de água, e eu:- não senhora, não se vê água nenhuma por aqui, e ele continuava, mas eu estou a ouvi-la a correr laurinha, e eu dava a mão à palmatória, e indo por onde ele indicava lá iamos dar a belos lugares onde ela caia em cascata, ou deslizava entre seixos.
Então perguntei-lhe, quer que lhe descreva as cores do sol? (eu tinha 17 anos e ai somos crianços mesmo ehhh) E tentava descrever todas as cores como as via e ele ficava encantado com as minhas explicações, dizia que eu sabia ver as coisas a fundo e reparava em todos os pormenores. Explicava-lhe o matizado das cores todas, de verdes que havia em profusão. Enfim, acho que ele entendia, porque já sabia o que era ver com olhos de ver... Era as cores dos passarinhos e ele ensinava-me como soava o gorgeio deles e punha a mão na garganta dele para sentir e depois tentava fazer a mesma, e raramente conseguia, ele também me ensinou muitas coisas..
Foi lindo porque me sentia feliz ao dar aqueles passeios com ele, sabia que o ocupava e assim não e sentiria tão sózinho, e quase todos os dias dava a minha voltinha por lá, moravamos a uns 50 metros deles. Comia muitas vezes com eles, recusava sempre mas a Professora Lina (não confundir esta senhora com a D. Lina do peixinho ehhh) convencia-me sempre a provar o peixinho grelhado dela com molhos de leite de coco, que era uma classe...
Mais tarde lá fui de novo para casa, ele escrevia-me de vez em quando e eu a ele, ainda tenho uma carta guardada, mal tem erros, escrevia na maquineta dele, que muitas vezes vi usar. Passados anos disseram-me que tinha falecido, a mulher primeiro depois ele. Hei-de recordá-lo sempre como um bom amigo que tive, e daí o Alves ter falado em surdos e cegos.!.. que coisa mais descomunal não é Alves?

Mas isto passou-se entre mim e uma colega da Cruz Vermelha onde ambas eramos voluntárias no hospital. Ela professora de invisuais e muito vaidosa dos eu papel... Falou-se em situações de perigo e ela sai-se com esta...
Os cegos desenrascam-se melhor que surdos em situações de perigo!
Eu :- Impossivel, nós não ouvimos mas vimos e sabemos por onde andamos.
Ela, nada disso, os cegos têm um sexto sentido que os faz dar com as saídas na hora H...
Eu já enervada por ver tamanha falta de bom senso...
Então se gritarem neste momento aqui dentro onde os cegos não conhecem os cantos à casa.
Eles correm e vão contra as paredes, portas o que aparecer pela frente, certo?..
Os surdos não ouvem, ficam quietos ali, mas vêm os outros a passar a correr e nem pensam duas vezes se ouviram ou não fogooooooooo..correm atrás deles proque vêm os caminhos e vão atrás dos outros. Ora acho que os cegos ficariam ali às voltas e os surdos já iam longe...
Por isso digo sempre, segura na minha mão meu amigo, eu verei por ti e tu ouvirás por mim, e deixem de nos dividir....





Comments:
tanto coraçaozinho...o amor anda mesmo no ar!!



 
Independentemente das limitações que possamos ter, claro que é sempre bom unirmo-nos e darmos as mãos. Qualquer tarefa feita em conjunto, torna-se muito menos penosa.
Tu e as tuas memórias ...
tu e os teus sonhos ...

:)



 
Olá marco, não é coraçãozinho, é a realidade da vida e estive sempre aberta para isso. Como surda tento ver além de mim...



 
A culpa foi do Alves com o comentário sobre surdos e cegos, levou-me ao passado querido no Missombo..
Beijinhos mana e eu à tua espera no msn...



 
No Missombo aceitava um beijinho teu.
Vem ao meu blogue dar-me um beijinho.

http.//lusoprosecontras.blogspot.com



 
Olá Laura :)
Já tinhas abordado aqui esse tema, mas qdo se trata de unir forças, seja para que efeito fôr, nunca será demais, né?
Bom fim de semana



 
História de amizade enternecedora...Ás vezes ainda se encontra esse tipo de comunicação nas nossas aldeias..Ás vezes...

:)*



 
Laura quero muito ler essa história, mas hoje tenho curso e amanhã estou de viajem. Beijos pra ti. E segunda eu leio tudo e comento. Bom fim de semana.



 
Ai zeca no Missombo, aquilo era verdura e água muita água e paisagens deslumbrantes..Pois é, mas um beijinho meu dá-se em qualquer altura..a coisa mais inocente do mundo é um jinho dado com carinho..Toma-o lá..



 
Olá Adry, já tinha sim, mas não contei essa história e foi por isso que me lembrei dos meus tempos ali..
Beijinhos e deixa-te de bom fim de semana, que mal os temos ehhhh eu pelo menos vou dar uma escapadinha para fora de casa e logo nas horas do almoço e depois ehhh o marido cozinha, diz ele....que remédio e eu rio-me porque se também dissesse, que remédio de cada vez que tenho de cozinhar..onde iria o meu que remédio..nas estradas da Alsácia...



 
Alkinha..
Não é precisos er nas Aldeias, basta querermos ser assim. Eu ainda fico limitada pela minha falta de ouvido, porque aminha vontade era de quando passasse por alguém que inspirasse simpatia, falava de longe e brincava, assim, sorrio e continuo..que remédio, pois..
Beijinhos a ti...



 
Ai Laura...fiquei sem palavras!
Sublime este teu post.
Nem sei mais o que dizer...
deixaste-me a pensar....
Um grande beijo para ti e bom fim de semana.



 
Eu meto mts vezes conversa com desconhecidos e geralmente "arranco-he" sempre sorrisos.
Calhar pensam pra consigo "esta é tontinha" mas sorrir faz bem eheheh



 
Já li, muito bonita a sua história. Adoro quando coloca suas vivências no papel. Elas são tão cheias de vida.
Beijos Laurinha.



 
Olá amigo Alves..
Pois foi, é lindo o recordar que me trás aqueles tmepos dos meus 18 anos, fiz lá 18 no mato onde vivi perto desses amigos queridos. Ambos já faleceram, mas isso não impede que os recorde semrpe com carinho e neste momento tenho a imagem deles à minha frente comos e vivos estivessem, tal e qual, ela indiana e ele português. Um belo casal.
Hoje andei mal da cabeça e de trabalho ehhh, mas consegui fazer tudo e está quase tudo pronto para o ensaio geral com as familias dos actores..está tudo lindo, depois mando fotos das roupas que fiz..beijinhos



 
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