A minha Poesia em pps
Formatado por Zélia Nicolodi, Vitor Campos e Estrelinha d'Alva
(clicar na Imagem)

















Quero Alguém


O meu tecer de Esperanças!...


Já escalei a minha montanha!...


Amar-te-ei Sempre!...


Não te vás nunca!...


Não foi o ocaso


terça-feira, março 20, 2007

 

Às crianças que andam nas ruas, pobres ..




Criança que vives na rua ao Deus dará, que sina a tua, se tens mãe, e é como se não tivesses, e que faz teu pai que não te tira das ruas, enquanto embriagado, anda por todo o lado, a gastar o pouco que lhe dão para ti.

Será que nós não vemos o desconforto que nos causas,
ou que fazemos de conta, porque na realidade,
nem todos podemos tomar conta de ti.

Sim, a culpa é de todos, que fazemos de conta,
encolhemos os ombros como quem diz
quem os fez que os crie...
Ouço dizer essa frase, tantas vezes, incrédula por ouvir da boca de muita gente,
o que eles pensam na realidade.

E eu sei, que por mais que fizesse, não conseguiria nunca abrigar-te a ti e a eles, os outros meninos, que como tu vivem assim.
Que confuso este mundo, se está a tornar para mim.
Que revolta se apodera da minha alma cansada,
de tentar entender esta gente que pensa demais com a cabeça,
e não a utiliza para nada de construtivo.

Um dia sim, criança, livre dos meus compromissos,
prometo que irei tomar conta de ti. E, de todos os que puder.
Não, não é falatório apenas, é uma promessa que hei-de cumprir,
E se muitos assim puderem fazer..
As crianças da rua..
Deixarão de existir ...








segunda-feira, março 19, 2007

 

Estranhamente ...




Estranhamente,
Vejo tua sombra a desaparecer
Para lá de uma porta que nem se abriu.

Já não habitas este mundo
E, como poderias cá voltar ?
E, usarias, as mesmas roupas
Que quando por cá andavas, vestias

Estranhamente,
Vejo-te em todo o lado,
Andando pelo jardim
Ou sentado ao pé de mim.

Por vezes vejo-te,
Na velha cadeira de balouço.
Hoje vi-te no sofá novo,
A tua cadeira, já está sendo usada

Olhaste-me com dor,
Aquela dor mais profunda que o amor
Tentei dizer-te que tem de ser assim.
Fiquei só, tenho de olhar por mim.

Mas, por mais terras que cruzes,
Por muitos sóis e muitas luzes
Por mais pessoas que ainda ame,
Ou finja amar...
Eu estarei sempre, a te buscar !


Pois é, eu acredito que depois de irmos para o outro lado, volta-se cá, andam por aqui e falam connosco... é um verso apenas, inventado por mim agora ... quem acredita, acredite. Enfim, gosto de dar a conhecer as coisas em que acredito.








domingo, março 18, 2007

 

Como surdos e invisuais podem ajudar-se ..





Meu irmão, que não foste bafejado
Com o Dom da visão,
Anda comigo.. Juntemos nossas mãos..

Quero ser os teus olhos
Para te mostrar
Que, juntos, nos poderemos ajudar
Eu verei por ti..
Tu ouvirás por mim ..

Anda, vamos sentar ao pé do mar ..
Posso tentar ajudar-te a sentir
Como é a sua cor..
E tu, ajudar-me-ás a “ouvir” o seu bramir..

Tentarei mostrar-te, como é belo o mar
Quando se arrasta na areia
E trás espuma a acompanhar ..

E tu diz-me, diz-me como é aquele sonar
Que o mar faz, quando bate nas rochas
A espumar…

Anda, amigo, irmão
Encosta-te ao meu coração
Quero tanto ajudar..

Quero sentir tuas mãos nas minhas ..
Em vez de andarmos todos
Tão sozinhos
Cada um com a sua solidão..
Anda meu irmão
Vamos juntar nossos caminhos!…








sexta-feira, março 16, 2007

 

Hei-de voltar lá, um dia ! ...




Hei-de voltar lá, sim
Àquela terra que me amou
E a quem amei também
Com um amor,
Que a mais ninguém dediquei.

Hei-de lá voltar, sim
Percorrerei as suas ruas
Passo a passo, como fazia antes
Hei-de encontrar de novo as mesmas gentes
E caminharei lado a lado, com os trausentes.

Hei-de lá voltar de novo, sim
Arrancarei as mágoas daqueles peitos
Chorarei com eles todo o pranto
Que não chorei, quando me fui
E agora que voltei, chorarei.

Chorarei ao pé do mar
Juntarei minhas lágrimas às dele
Correrei pelas praias desertas
E cantarei a saudade que tinha
Das minhas asas …libertas !

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quinta-feira, março 15, 2007

 

Olha-me nos olhos ...


Olha-me nos olhos
Diz se ainda sentes
Aquele amor de antes
Que nos levava a cruzar
Os céus sem fim

Olha-me nos olhos, sim
Demora-te comigo
Naquela busca interior
Que tento levar até ao fim
Para saber se gostas de mim ..

Olha-me nos olhos, sem pudor
Não os retires, envergonhados
Deixa-os ficar ali, serenos,
A olhar para os meus, que
Não se retirarão dos teus ..

Olha-me, então, e, diz
Se assim te sentes feliz
E se achas que também
Sou feliz assim..
Contigo, junto de mim
Vá, diz ...


Para as ninas que comigo partilham o dia a dia por aqui e por ali, principalmente a adrianna e a pascoalita ... elas sabem do que falo ehhhha a nina africana fica de fora ... este verso não tem nada a ver com ela ehhhhhhhh porque quem a olha nos olhos sabe exprimir também por palavras o que sente.








quarta-feira, março 14, 2007

 

Desculpai, filhos ... qualquer coisinha...



Começo por pedir desculpa, das falhas que cometi ao longo da vida como mãe, não ouvinte. Não de maus tratos que não dei, das chineladas ...isso sim, dessas nem desculpa peço, porque quando o chinelo trabalhava (sempre foi preguiçoso, o meu chinelo...) e das poucas vezes, eram merecidas.

Peço desculpa e perdão, pelas vezes que não ouvindo, foi para vós, motivo de confusão. Como tu Nuno, quando ainda nem dois anos tinhas, eu a ler no meu quarto cuja parede era toda de vidro, a separar o teu do meu, apenas tinha os cortinados entre eles (que boa coisa para quem não ouve e quer poder sempre vigiar os filhos ... vidro é a melhor solução e no país onde vivíamos tinha sempre ou quase sempre um meio quarto em frente ao quarto grande. Eu via-te sossegado na tua cama. Adormeceu, pensei. Mas daqui a nada vejo-te esbracejar, ergo-me, chego lá, e que aconteceu Nuno? Tinhas a perninha presa nos lados da cama, entre a parede e choravas baixinho, talvez já cansado de chamar mamã, mamã e eu não te respondia. Ajoelhei junto de ti, e só soube pedir desculpa, desculpa nuno, abracei-te contra mim.

Quantas e quantas vezes vinhas a chorar ter com a mamã e dizas antes de te perguntar alguma coisa pumba e pumba, e lá iamos os dois de seguida, bater no raio da parede ou da cadeira ou o que fosse, que tivesse deitado o meu menino ao chão...ai ai ai sua malandra! enquanto dava umas sarapantadas nelas, para aprenderem que ao meu menino não se fazia mal.

De noite tinhas sempre o teu pai que ouvia graças a Deus, o que nem fez muita falta, porque aos 8 meses já me atiravas com a chupeta e não é que acertavas sempre? Eu encostava a tua cama à minha e metias as mãozinhas entre os buracos da grade, e puxavas a minha roupa ehhh e dizias na tua lingua de trapos a peta? (depois de me atirares com ela ... querias era miminhos) ou leitinho, leitinho... áua áua...(o avô tinha-te dado um nico de presunto, e claro, fez sede...ai ai o avô).

E tu Neidinha, tão delicada, tão amorosa e linda, choravas apenas quando a fome apertava, eras de uma compreensão, tão pequenina ainda, falavas bem, muito bem, o Nuno idem. Vós dois, com ano e meio, falaveis correctamente, as pessoas admiravam-se de num País de expressão Inglesa, haver Portugueses pequeninos a falar tão bem. Porquê? porque nas outras casas só falavam Inglês e esqueciam-se da lingua mãe e eu, como sabia pouco inglês (dificil um surdo saber falar correctamente Inglês) só falava convosco na nossa lingua e assim ereis muito elogiados por isso. Obrigada a vós meus filhos, quando saíamos e fazia falta tradução, lá estavam estes dois, cada um na sua altura, 4 anos de diferença, a marcar presença fosse em inglês ou africanze. Balbuciavas e ligaram para lá, eu via-te a levantar-me o queixo, o meu rosto, para te olhar e dizias, olha pa mim, e continuavas ... "o home diz pápagares a luz ... pópó" ... e eu achava aquilo meio xéxé, claro que custou a entender ... encolheste os ombros e disseste .. "o home cá casa". Nem dois minutos se passaram, e lá estava o nelson que guardava o carro dele em frente do meu. "Laura, deixou as luzes do nissan ligadas, tem que ir desligar se não fica sem bateria" e desatei a rir e disse "ah, era isso o home que dizia pápagar a luz do pópó!!! Tantas e tantas coisas que a falta de ouvido provocava. Aqui na feira íamos com a Isabel comprar qualquer coisa, ainda nem 5 anos tinhas, ias sempre à frente, vias tudo, mexias em tudo, e de repente vejo a sabel muito alarmada e a correr em frente, depois desata a rir-se.Tu, sentindo-te perdida (qual mamã qual carapuça) gritaste Ó Isabel, aflita (sabias que eu nunca te ouviria e muito menos te responderia) era ver a Isabel a rir perdida por te desenrascares tão bem e dizia ela, "laurinha, olhe se ela chamou por si, sabendo que não a ouvia".

Tantos anos passaram, as falhas foram-se colmatando, a minha falta de ouvir tornou-se banal, ouvir por mim, fazer coisas por mim, é o vosso dia a dia, acho que consegui criar-vos muito bem, comparando com muitos que vejo por aí, que os pais ouvem. Só que de vez em quando ainda aconteçe, lamento filhos, como lamento quando o papá teve que ir trabalhar para fora, a neide estava fora no doutoramento, o cláudio tinha o telele desligado e teve de dormiu na casa da namorada porque não ouvi a campaínha e tu, meu querido nuno, de manhã quando abri a janela, aquela janela onde dou os "Bons dias" ao Mundo, vejo-te muito calmo, eram sete da manhã, e com a carinha dele, meiga, ternurenta (26 anos) diz "mamã, abre-me a porta mamã"! Corro, abraço-o e diz ele "então, mamã ... tou aqui no carro desde as 4 da manhã (trabalha num café enquanto estudava na univ e pagava ele que eu nem podia) "mamã, deixei a chave, tu não me ouviste, mandei mensagem (por acaso ficou na carrinha já sem bateria) liguei ao claudio, nada, o shaka ia lá a baixo muitas vezes, metia o focinho na abertura da caixa do correio, e chorava baixinho para que ele estivesse do lado de dentro, corria ao meu quarto, atirava-se para cima da cama, levantava-se de novo e eu dizia "shaka, acalma-te". O que valeu foi um casaco que tinha no carro e de manhã tremias que tens diabetes, tinhas uns troquinhos e foste à pastelaria ali ao lado que já estava aberta e pronto. Juro que nunca mais me deitei, sem ver se tinhas levado o raio da tua chave. Desculpai lá qualquer coisinha, meus filhos.








terça-feira, março 13, 2007

 

Para a Alice, que vai entrar no País das maravilhas..



Alice, minha amiga memorex, uma nina valente que, como eu, não ouve, ei-la a poetisa das coisas belas, senhora de uma inteligência incrível! Ei-la, a menina mulher que se prepara para fazer um implante coclear.
Torçam por ela, cada um à sua maneira peçam para que o seu sonho, seja mais um, que se transformará em realidade, a realidade que sempre quis para mim e não consegui, depois de tantas batalhas travadas. Já tenho a idade que tenho, já não sigo por esse caminho, mas tu ... tu sim, Alice. Luta, atreve-te, e daqui a um mês nem tanto, estarás aqui a cantar connosco as canções da alegria, escritas e cantadas por ti.
Good luck for ever... boa sorte sim, para sempre, que mereces, que sonhas, e que vais poder saber, quão belo é ouvir, e vais reparar nas milhentas pessoas que por ti passam. Que nem sequer se ralam com o sagrado dom que têm dentro delas ... O OUVIR!!!
E sabes, nem é tanto o não ouvi-las que me incomoda, é mais por querer ouvir os sons da natureza, o pipilar dos passarinhos, o marulhar do mar, tantos e tantos sons, sem esquecer a voz dos meus filhinhos que tanto gostava de saber como soa.


Sentes-te indecisa, temerosa ...
Vives entre o sonho e a realidade
Dentro de ti
Anseias ver essa hora passada
Queres sentir que estás liberta
Da realidade onde vives

Sonhas com o amanhã
Que já não tarda.
Interrogas-te
Se valerá a pena
O desconforto e as dores
Que vais sentir
As horas duras que vais passar

Alguém escreveu um dia ...
Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena !

E tu, com a alma enorme que tens
Vais lutar, vais tentar,
E, depois de tudo passar ...
Voltarás a ouvir, e a sorrir








segunda-feira, março 12, 2007

 

Lá vamos andando, ciclando, remando ...



Lá vamos, lá vamos, remos a fundo que a barcaça que nos calhou..(aliás levamos outro barco igual, de apoio) os Irmãos dalém mar, mal souberam que iamos, já nos mandaram marinheiros e companhia limitada, e estamos que nem garinas de primeira...Só que ... aconteceu, ninguém ia adivinhar, né??

E agora nem sabemos como sair de lá... alguma sugestão? E a barca que está mais perto de ir ao ar é a nossa, que os marinheiros da outra, de tanto olhar pra nóiiiis... descuidaram-se e, ai minha nossa, quem nos salva?? quem se lembrou de ir em antiguidades dessas ?
Acho que fui eu, com a mania do que é velhote (nós tamém somos quase ehhh) é que é bom....Ó valha-me...
Agora ainda vou postar o raio da imagem ... e ... a ver se sai e fica a modos que se entenda...








sábado, março 10, 2007

 

A propósito de irmos as 3 correr mundo, de bicicleta ..



Ora nem mais, se forem ao Blog da pascoalita repararm que o desafio que vamos ter é viajar até ao país Irmão, visitar o nosso amigão Gilinho. Até aí tudo bem, acho bem, pensei que a nina sempre foi bafejada pelo euromilhões (é sábado de tarde, e ainda nem fui ver se fiz algum segundo prémio ou coisa assim) e se lembrasse de comprar 3 bicicletas, de marca claro, daquelas que sobem montanhas sem custo (cá para nós, pascoalita, se puder ser, prefiro daquelas que têm um motorzinho qualquer, e aceleram por ali fora que até dá gosto, tanto sobem como descem, sem ser preciso pedalar) e assim evitaria aquela falta de ar que me apanha quando subo escadas ou ando num chão mais desnivelado, a subir, claro. Eu alinho, ora se alinho! O que eu preciso é de apanhar ar, mudar de ares, ou coisa assim. Aliás, acho que precisamos as 3 de renovar os ares, ou de ares renovados.

Então vamos lá aos preparativos, ver o que se deve ou não deve levar. Que isto tem que ser muito bem estudado. Mudas de roupa nem faz falta, temos sempre feiras onde comprar t shirts molhadas se o calor for como o de hoje. Ténis, apenas os que levamos calçados, meias idem assim omo camisolas, depois deitam-se fora, não vamos andar a cheirar a cholé por ali fora, idem para cuecas e soutiens, usa-se, deita-se fora e compram-se mais, claro.

Comida, nada de panadinhos ou bolinhos de bacalhau, pelo caminho a gente desenrasca-se. Avisados pela Tv toda a gente nos quererá dar de comer e de dormir(olhem lá, atenção ao dormir, não é (só) dormir, poistá claro, que temos medo de dormir sózinhas ehhhh)

Vamos mas é ao Deus dará.Ma eu não durmo sem a minha almofada, o que tenho passado para arranjar uma que me dê um bom dormir, e agora que a encontrei (esta noite dei um jeito ao pescoço que ando com ele de lado) não a deixo ficar de maneira nenhuma.

Também levo escova, pasta dentifrica e os cremes, olha os cremes, tá claro, contra os raios solares ou raios e coriscos, o que for, tenho que levar os meus cremes. Já viram? a minha pele seca do sol, das imtempéries. Não senhora, os cremes nem pensar se ficam se vão, vão e pronto. E a escova do cabelo, o gel, pois o gel, se não fico com pelo de rato, assim fica mais nito todo no ar e sempre meto mais respeito. Acho que cabe tudo na mochila, se não couber, as ninas levam na delas, têm espaço de sobra. A africana é a única que quando sai, leva pouco e com pouco carrega, eu levo, levo, ponho, ponho e numa viagem de dois dias, levo roupa para 5 e depois trago de novo e volto a por no lugar, de novo... só eu!!! Mas se houver uma molha, um azar eu tenho.
Ai que já me esquecia do meu bloco de notas, a minha máquina digital e já agora também a de filmar. Ora pode, na cabeça de alguém não levar maquinetas dessas quando viaja?

Xiça, e lá vamos nós de abalada, cada qual com a sua tralha.. Mas onde vou por a almofada na bicicleta? acho que se me sentar nela até me sinto mais confortável, né?
E ós pois se dormir prá li, sempre cabem duas cabeças lá na minha almofada.. Epa..e a manta, a mantinha que me aqueçe nas noites frias? Ou pensam vocês que daqui aos Brasius são só dois dias? Pois é. E os chinelos, os chinelos que nem passo sem eles, xi, mas que enchente..Com calma, elas enfiam o que me sobra, nas mochilas delas..amigas é pa isso...

Calma, calma, mas por onde começamos a viagem? Não vamos fazer como os nossos navegadores quando partiram à descoberta dos mundos? mas eu acho que eles começavam lá por Lisboa, naquelas caravelas todas enfeitadas, mas como vamos chegar lá se bicicleta só dá para andar em estradas?
Que burrice, já esquecia que as ditas têm pneus e as bóias são feitas de pneus, mas a gente em vez de um pneu tem duas mais pequeninas, e ora toma, já sei ... vamos nelas pois, mas dentro de um senhor barco, e ospois saímos aqui entramos ali, vamos indo e lá chegaremos aos Brasius dos nossos Irmãos, o tal país Irmão. E pronto, Africana algo a acrescentar? Pascoalita?
Atão vamo-nos deitar ao mar que o tempo urge, e mais vale rápido, que estou assim com umas dores de barriga ... já viram se nos perdemos? se não nos dão de comer? Se nem temos onde dormir? e as minhas coisas caberão na mochila? acho melhor pensarmos bem e depois reunimo-nos de novo, e quem sabe, para o ano será a melhor altura. Concordam comigo amigas?








quinta-feira, março 08, 2007

 

África minha, de novo ! ...





Hoje sei que alguém que fez parte da minha vida, nos anos 70, vai estar com duas ninas aqui do Blog, vai almoçar com elas, e, claro, falarão aqui da “je”. Esse personagem fez parte de mim, do meu viver dos 18 anos. Ele e a mulher, chamemos-lhe o Béquinho e a Côca, a Côca era a mulher do papão (ele com 35 e ela 32) e assim ficou, e ele sei lá porque artes do destino se chamou assim, mas béquinho é um nome doce, se chamado como deve ser... Estávamos no tempo da guerra, guerra de mato, e mesmo assim, vivíamos no mato, tinham casa na cidade, e não queriam viver lá. Ali a natureza era de um verde frondoso, havia belezas mil naquele Oásis de paz. Não vi guerra nenhuma, talvez porque aquele lugar estivesse protegido pelos Anjos... Vivíamos perto do rio, íamos tomar a nossa banhoca lá. Tínhamos os jeeps Land Rover, já antigos, que o meu Béquinho arranjava, ia buscar peças à sucata, e que lindo ficava ele ali sentado no seu jeep descapotável, e que molhas não apanhamos quando vínhamos da Missão onde fomos. Andamos pela mata cerrada, aqui posso dizer que ver a mata ao natural, é que se sabe o que é, na TV mostra, mas nem se compara; vegetação luxuriante, coisas mil, cheiros diferentes, enfim…ó minha saudade. Foi apenas por ter ido para lá, que pude beneficiar de tudo isso... Da natureza selvagem de Angola, da raça Boskimane, entre quem fiz muitos amigos. Naquela idade já sabia costurar, e recebíamos roupas antigas da Cáritas, e eu cortava e arranjava para que as meninas tivessem roupas bonitas. A Coca, eu e outra moça, cosíamos as bainhas à mão. Mas quanta alegria naquelas mulheres e meninas de roupinhas novas. Tínhamos um Hospital, íamos para lá ajudar nos curativos. Tínhamos duas escolas onde leccionavam duas professoras. Se pudesse teria ficado ali sempre. Mas... A vida é junto dos nossos pais e, relembro com saudade, quando ficávamos no Missombo e depois de um belo arroz de frango à maneira do Cambundi, sentávamos à roda da fogueira a ouvi-los tocar tantã. Aquilo entrava-me pelos ouvidos como o melhor som da vida. Difícil esquecê-lo, guardei esse som sempre dentro de mim,

o luar quase inexistente,
as estrelas a brilhar,
o fumo subindo no ar
os tantãs a batucar
e a malta sentada
de perna cruzada
a olhar, a sentir
para lá do que podia imaginar...

E me lembrei do comandante Alberto matende… Bom amigo foi ele, pequenino boskimane, mas leal, muito leal.
Também assisti ao nascimento de um bebé, na mata numa cubata feita de folhas, ainda guardo a foto com o bebé preso pelo cordão umbilical.

Sim, foi lindo o meu viver, as gentes que conheci, a experiência que vivi, logo no dia que cheguei a barragem tinha rebentado. Andei dentro da água até ficar exausta como todos os outros, a carregar pedras para fazer um dique. Foi lindo sim, já eram mais ajudantes que pedras. Coisa linda.

À noite, por vezes, fazíamos da sala enorme, um local de fados, vinham amigos nossos, e o Béquinho dedilhava numa vassoura, a Côca cantava (cantava de verdade que ela tem uma linda voz para cantar segundo me disseram) e os amigos acompanhavam. Por vezes faltava a luz e sempre tínhamos velas para acompanhar o fado e, como sempre gostei de musica e de letras românticas, a minha Côca, querida côca, cantava para mim, e, gravou uma cassete e tinha o gravador na mesa-de-cabeceira, e com os auscultadores eu ouvia o que ela cantava. Que bem me soava aquilo. Tomara eu ter de novo aquelas canções, só cantadas por ela.

Também é verdade que o Béquinho recebeu muitos pedidos da minha mão (ehhh) de moços para poderem namorar comigo. Ele que o diga o que gozávamos depois em casa, e claro, eu nunca quis nada com nenhum ehhh..

O Béquinho ensinou-me a atirar, deu-me lições de tiro, tínhamos um alvo, e bem aprendi, que quando foram lá uns amigos de fora, fizemos uma competição para acertar numa cerveja a boiar no rio entre bons atiradores, mas bons mesmo, do Exército, a “je” aqui é que acertou na cerveja.Ficaram todos perplexos, mas aquilo não foi saber, foi apenas sorte e que sorte.......mas a vaidade ficou naqueles momentos, eu, vencer campeões de tiro… ehhhhhh..

Tanta coisa boa tanta coisa maravilhosa, nunca poderei escrever tudo, mas tudo o que passei lá. Só sei que andava toda janota, calças chapéu que o Béquinho me trouxe de fora, ornado de pele de tigre, e tinha moços que só de me ver passar, pernas ao léu em cima da frente do jeep, o meu chapéuzinho lindo, os cabelos a esvoaçar ao vento, já julgavam que estavam apaixonados, e não raro quando íamos a uma loja (havia apenas 3 lá na cidade) me diziam: - Laurinha, anda a dar cabo da cabeça aos nossos rapazes, só de a verem passar no jeep, ficam de coração a bater...

Que linda recordação, que bela oportunidade de tudo conhecer, porque é no lugar que se vivem as coisas, e não nos livros. Assim posso dizer: - Sim, sei o que é a vida de mato, com a bicharada à mistura, e andei por lá, de avioneta a ver manadas e manadas de animais selvagens no seu habitat natural, naquela liberdade incrível de que desfrutam, e não enjaulados para os podermos ver.

Por isso… Obrigada Béquinho, obrigada minha Côca, pelo amor com que me recebeste no vosso lar, e hoje, mesmo longe, continuo a amar-vos como os meus segundos paizinhos.

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segunda-feira, março 05, 2007

 

Beijos que ficaram por dar ! ...





Aqueles beijos que não dei
E que na minha alma ficaram
Foram os que nunca dei
Aos rapazes que me amaram.

Beijos que nem sonhei dar
Até que alguém me disse
Que mesmo sem eu saber
Muitos beijos me veio dar

Que quando me via passar
Lá na rua onde morava
Sentia meus passos chegar
E sempre beijos me mandava

Um beijo, que nunca era um só
Que sentia tanta vontade
De ir atrás de mim, me abraçar
E muitos mais me queria dar

Mas sentia-se rejeitado
Pela minha altiva postura
Que se sentia tentado
A seguir-me pela rua

E só agora vim a saber
Que alguém quis de meus lábios beber
E que espera há muito tempo
Pelo troco que lhe estou a dever...








 

Tadinhos deles ... dos jovens


.
Tadinhos deles, deles sim..
Ontem fui com um casal amigo, ela surda como eu, só que não fala, e ele também. Connosco ia a mãe dela, grande amiga minha desde que cheguei a Braga.. fomos ver móveis para a casinha deles que vão dar o nó, e claro sózinhos não podem ir. Valeu que na casa dos móveis onde fomos, eu estava ao lado deles, a mãe mais afastada. Chega uma empregada toda ternurenta e dirige-se a eles, precisam de ajuda, e a moça atrapalhada sem poder falar abanava a cabeça em sinal de não, enquanto sorria, que menina linda a minha amiga, e tão doce..ele idem e a senhora em vez de ir andando, continuava a chatear, precisam de ajuda? eu com o melhor dos sorrisos :- obrigada, mas não, andamos apenas a ver, por enquanto..só queremos ver, e ela a insistir,...mas vejam lá, se precisarem chamem. Bom lá se foi..e a moça aliviada por a salvar de uma situação em que a senhora nem saberia resolver, apesar da melhor das boas vontades.. pois nem reparou que enquanto lhes perguntou se precisavam de ajuda, que nenhum deles falava. Certo a senhora não ia adivinhar, apenas depois de muitas tentativas de que eles falassem sem conseguir, aí sim iria dar conta.. Bom, o assunto nem é por isso, mas acho que devia ser obrigatório a quem lida com publico, saber as bases ou noções minimas da lingua Gestual.. Claro que eles nem se atreviam a ir lá sózinhos, ela bem me explicou que só sai com a mãe, senão fica em casa, por vezes vai sózinha, mas se lhe perguntam algo..ela bem tenta explicar, mas quase ninguém a entende..Bom, andando que nem é sobre isto que quero falar, enfim, veio incluido no pacote da nossa deslocação à casa dos móveis..

Tadinhos deles sim, o meu tadinhos deles nem é pelos meus amigos que não ouvem..Não..é apenas porque enquanto lá andávamos na casa dos móveis, vi bastantes casais de jovens que andavam a ver móveis para a casinha deles.. Como os nossos jovens gostam de brincar às casinhas mal começam a namorar ehhhhhh. Olhei para tantos, tão embebidos no amor que sentiam, ou seria menos que amor? Havia os agarradinhos, os que não gostavam desta cama e o outro antes queria aquela etc etc.. Mas com que ilusão eles ali andavam a escolher, comprar o que iria alindar os lares, lares onde nem sempre havará paz, onde poucas vezes entra o amor. Muitos casam sem saber o que é o amor, aquele amor que nos leva às estrelas, que nos leva à verdadeira felicidade que todo o ser humano deve ter o direito de compartilhar..com quem ama, na verdade, nem sempre é assim... Então vi-me transportada aos anos em que casei com o pai dos meus filhos, a doce ilusão que tinha e sempre tive, que casamento seria para toda a vida, e que a felicidade se instalaria sempre ali no meu lar... Mas...como tudo é relativo, como tudo me saiu furado..ehhhhhh....Tenho amigas já divorciadas que não aguentavam um casamento sem amor, primeiro é amor, depois torna-se banal, e....Bom.. Mas os jovens continuam a casar cada vez mais..Apesar de verem o divórcio dos Pais, de assistirem a situações bem caricatas, mas..continuam a investir no casamento. Muitos até é mais para sairem de casa e terem mais liberdade, que mais tarde ou mais cedo acabará..como a nossa ehhhhhhhhhhhhhhhhhh
Mas sim, adorei ver os jovens empenhados na escolha dos móveis para a casa deles.. e entre risos para dentro lá me dirigia a mim..Também tu andaste assim, feliz da vida a escolher tudo e....

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domingo, março 04, 2007

 

Uma lua espelhada lá no mar !...


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Uma lua espelhada lá no mar
Um barco a balouçar, suavemente..
Palmeiras que esvoaçam ao sabor do vento
Um coqueiro a quem me encosto, docemente..

E assim deleitada com o odor da maresia
Que entra pelas minhas narinas, saudosas
Daquele odor maravilhoso que nunca mais senti.

Palmeiras, barcos, lua e mar, é algo que ficou em mim
E me deixou sempre a sonhar, a querer lá voltar ..

E, enquanto não realizo o meu sonho, de verdade
Vou ficando por aqui a imaginar
Como será aquele dia
Quando lá voltar ...

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quinta-feira, março 01, 2007

 

O Peixinho da D. Lina !...





Ora, para o que me havia de dar…

Lembrei-me da minha vizinha em Luanda, a D. Lina, senhora dos seus 30 e eu ainda ia nos 18 19, morava ao lado do prédio onde eu vivia, sempre que eu entrava ou saía, e nos víamos, eu ia sempre até lá, era uma simpatia de senhora, bonita, sempre muito elegante (era modista) e a cozinha dela via-se da rua. Por vezes estava a arranjar o peixe, ou a pô-lo no tabuleiro. Convidava-me sempre para almoçar com eles para provar o delicioso peixinho que ela fazia no forno. Era Pargo, um senhor pargo, bem grandinho e tinha uma maneira muito original de temperar aquele peixe. Confesso que nunca fiz como ela. Só sei que provei, e a coisa sabia tão bem... E diz-me ela: - Tem segredo laurinha, é à moda da minha mãe, do Algarve, (parece que é de Tavira). Lá me explicou como se fazia, e qual o segredo.

Um dia destes lembrei-me e fiz assim à moda dela. Senti saudade dela, pois já não a vejo desde os meus 22 anos. Nunca tinha posto em prática o segredo daquele maravilhoso peixinho. O meu pessoal adorou, bisou e já nem havia mais. Nanja que um pargo aqui, que dê para 6 pessoas precisa de ter muito peso, e mais pesa na carteira. Valeu a pena pelo bem que me soube, e pelo que pude recordar, e falei dela aos meus filhos, e como espero este verão ir abraçá-la lá onde ela vive agora. Pois tomem lá a receitinha, acompanhada do sagrado segredo, que nada mais é, que por um cadinho de açúcar nos cantinhos do tabuleiro....
Eu faço assim.

Um bom pargo de mais de um kilo, conforme o pessoal que vai comer.
Temperar com bastante alho, sal a gosto, louro, colorau e meio copo de vinho branco, maduro, piripiri a gosto. Deixar marinar no tabuleiro toda a noite. No dia antes de ir ao forno, põe-se uma cama de cebolas no tabuleiro, isto é descascar umas 4 a 5 boas cebolas às rodelas grossas, depois deitar o peixe em cima delas, acrescentar as batatas cortadas aos quadrados e temperadas de sal, deitar o molho, por uma colherzinha de óleo de dendê (eu uso muito, quem vem de Angola pela-se pelas coisas que lá havia, mas aqui tem de tudo e regar com um bom gole de azeite antes de ir ao forno, as famosas colherzinhas (medida de colher de café) de açúcar em cada cantinho do tabuleiro. Vai ao forno, e deve dourar por cima se puder. Façam uma salada de alface, tomate, pepino, o que gostarem, e digam lá se o raio do açúcar não tornou o peixe saborosíssimo?

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